Todo agrupamento étnico tem uma história para contar a respeito da orígem do seu mundo, da gênese do universo e de como aquela determinada etnia tem aquela cor de pele , seu desenho anatômico, seu biotipo (genótipo) e suas micro-variações (fenótipo).
Há uma necessidade inata de se contar de "onde vim", "quem sou eu" , e "do arquê e do porquê estou aqui"; e, ainda, porquê e como "devo me relacionar com seres e coisas que estão ao seu redor". Isso constitui a sua "weltanschauung". Não nos cabe aqui - por ora, pelo menos- levantar hipóteses ou abrir uma discussão sobre esse riquíssimo tema. Os homens são assim; e ponto.
Dentro da cultura hebraico-cristã na qual estou inserto ( com "s" mesmo), há uma história fantástica. Elohim (Deus criador) formou do barro um boneco, soprou-lhe as narinas dando-lhe vida e, assim, criou o primeiro homem, Adão, que, aliás, era muito parecido com com o seu criador, por conta de características e atributos "geneticamente herdados" - o que os hebreus chamaram de "imagem e semelhança". Passo seguinte, da costela de Adão, cria um ser semelhante a ele, Eva : Uma mulher!
Os dois viviam em um lugar cheio de flores, plantas, pássaros, peixes e animais. Havia uma sinergia absoluta entre as coisas e o casal; quase uma simbiose, mesmo...
E o mais importante de tudo era que, o casal se encontrava e conversava com o seu criador longamente, em cada vesperal, de cada dia.
Eis que houve uma tragédia, uma grande catástrofe relacional. Esse casal desobedeceu o seu criador. Comeu "da árvore do bem e do mal". E a relação harmoniosa com o criador sofreu a mais terrível solução de continuidade: Eles não puderam mais contemplar o espelho de seu rosto espiritual a partir de diálogo (comunhão) com o seu criador, como normalmente acontecia.
E ai, à tarde, como sempre acontecia, o criador chegou no paraíso e "não viu" (simbolicamente) suas criaturas maravilhosas e perguntou, fazendo soar sua voz como um trovão: "Adão, onde você está?" Ao que esse respondeu: "Eu ouvi o som de você no jardim, eu estava com medo e envergonhado porque estava nu, e escondi-me" . E, assim, cheia de riquezas, a história continua para outras derivações. Vale a pena ler todo o relato.
O que o povo hebreu, entre outras coisas, queria ensinar com esse relato?
Que o homem só pode ter uma identidade desnudada portanto, verdadeira, autêntica e absolutamente consciente quando está em contato direto com a orígem de sua própria identidade, o Elohim; que o diálogo pleno com a eternidade ( para o que fora criado) e com o próximo só alcança sua plenitude junto àquele que o "ensinou" a falar; relacionar e não se esconder. Quando ele perde a intimidade desnudada com a sua orígem perde, imediatamente, a visão nítida de seu "self". O que vê é algo que parece o que foi um dia sublime, inteiro, pleno mas, que, agora, não consegue mais ir além daquele simulacro.
Os hebreus chamam essa intimidade relacional de adoração. Então, em outras palavras, todas as vezes que o homem deixa de adorar deixa, também, de existir enquanto criatura plena de significado em tudo aquilo que faz, pensa, executa, olha, projeta e relaciona, ou seja, perde o sentido última da vida. Então porquê ele perde, assim, a transcendência mede, ipso facto, toda a sua rotina a partir de caricatura que ele faz agora ser a única coisa que conhece de seu "passado" glorioso.E como ele é efêmero, tudo passa a ser constituído dentro da limitação de sua capacidade de transcender. Nada -nada mesmo- passa do teto de sua "baixeza existencial" (espiritual).
Essa magnífica história deixa claro que o homem sem o sentido de tanscendência vai sempre, usando uma expressão da sabedoria hebraica, "correr atrás do vento"; recorrerá constantemente às árvores e arbustos para que, como avestruz, sob elas, esconder de seus medos e seus fantasmas. Só a shekinah (luz, presença, peso moral e espiritual) do criador é capaz de removê-lo dali para enfrentar com coragem (fé) os grandes desafios de sua sombria peregrinação neste mundo, de volta para o seu paraíso original.
Dentro da cultura hebraico-cristã na qual estou inserto ( com "s" mesmo), há uma história fantástica. Elohim (Deus criador) formou do barro um boneco, soprou-lhe as narinas dando-lhe vida e, assim, criou o primeiro homem, Adão, que, aliás, era muito parecido com com o seu criador, por conta de características e atributos "geneticamente herdados" - o que os hebreus chamaram de "imagem e semelhança". Passo seguinte, da costela de Adão, cria um ser semelhante a ele, Eva : Uma mulher!
Os dois viviam em um lugar cheio de flores, plantas, pássaros, peixes e animais. Havia uma sinergia absoluta entre as coisas e o casal; quase uma simbiose, mesmo...
E o mais importante de tudo era que, o casal se encontrava e conversava com o seu criador longamente, em cada vesperal, de cada dia.
Eis que houve uma tragédia, uma grande catástrofe relacional. Esse casal desobedeceu o seu criador. Comeu "da árvore do bem e do mal". E a relação harmoniosa com o criador sofreu a mais terrível solução de continuidade: Eles não puderam mais contemplar o espelho de seu rosto espiritual a partir de diálogo (comunhão) com o seu criador, como normalmente acontecia.
E ai, à tarde, como sempre acontecia, o criador chegou no paraíso e "não viu" (simbolicamente) suas criaturas maravilhosas e perguntou, fazendo soar sua voz como um trovão: "Adão, onde você está?" Ao que esse respondeu: "Eu ouvi o som de você no jardim, eu estava com medo e envergonhado porque estava nu, e escondi-me" . E, assim, cheia de riquezas, a história continua para outras derivações. Vale a pena ler todo o relato.
O que o povo hebreu, entre outras coisas, queria ensinar com esse relato?
Que o homem só pode ter uma identidade desnudada portanto, verdadeira, autêntica e absolutamente consciente quando está em contato direto com a orígem de sua própria identidade, o Elohim; que o diálogo pleno com a eternidade ( para o que fora criado) e com o próximo só alcança sua plenitude junto àquele que o "ensinou" a falar; relacionar e não se esconder. Quando ele perde a intimidade desnudada com a sua orígem perde, imediatamente, a visão nítida de seu "self". O que vê é algo que parece o que foi um dia sublime, inteiro, pleno mas, que, agora, não consegue mais ir além daquele simulacro.
Os hebreus chamam essa intimidade relacional de adoração. Então, em outras palavras, todas as vezes que o homem deixa de adorar deixa, também, de existir enquanto criatura plena de significado em tudo aquilo que faz, pensa, executa, olha, projeta e relaciona, ou seja, perde o sentido última da vida. Então porquê ele perde, assim, a transcendência mede, ipso facto, toda a sua rotina a partir de caricatura que ele faz agora ser a única coisa que conhece de seu "passado" glorioso.E como ele é efêmero, tudo passa a ser constituído dentro da limitação de sua capacidade de transcender. Nada -nada mesmo- passa do teto de sua "baixeza existencial" (espiritual).
Essa magnífica história deixa claro que o homem sem o sentido de tanscendência vai sempre, usando uma expressão da sabedoria hebraica, "correr atrás do vento"; recorrerá constantemente às árvores e arbustos para que, como avestruz, sob elas, esconder de seus medos e seus fantasmas. Só a shekinah (luz, presença, peso moral e espiritual) do criador é capaz de removê-lo dali para enfrentar com coragem (fé) os grandes desafios de sua sombria peregrinação neste mundo, de volta para o seu paraíso original.
Cícero Brasil Ferraz
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