Creio que há, pelo menos, dois tipos de gênio (gente) que goza de privilégios especiais: O cientista e o religioso (teólogo?). Este por tratar concreta e objetivamente com as "coisas sagradas" que são, por outro lado, subjetivas. Aquele, por trabalhar com coisas subjetivas, tornando-as objetivas e concretas pelos métodos requeridos pela ciência, para ser reconhecido como uma teoria objetivamente comprovada, ou seja, vir a ser uma tese. Ambos querem trazer ao conhecimento e à experiência humana aquilo que, até então, era desconhecido. Um quer trazer à luz a pessoa do criador; já, o outro, à lume, os mistérios das coisas criadas. De uma certa forma, ambos estão ligados aos mistérios da fé e à imensidão daquilo que não se pode reduzir à mnemônese. Por isso, também, chegam ao conhecimento da verdade , por assim dizer, em muitos momentos, via insights e revelações, quando pensam o próprio pensamento de Deus. Toda a verdade nascida de um insight ou oriunda de uma revelação não "vem", tout court, ao pensamento humano, sem antes ter veiculado pelo pensamento de Deus. Então, não seria loucura afirmar, que eles são os primeiros a pisar as pegadas mais originais de Deus; percorrem o mesmo caminho do fiat divino.
Portanto, quando um cientista "cria" o conhecimento e o religioso "recebe" a revelação, estão pensando, naquele exato momento, o próprio pensamento factual de Deus. Porque Deus não quer nada que não seja feito; e somente aquilo que ele deseja é que se torna provável. Não existe verdade científica que não seja divina, como também não existe verdade divina que um dia a eternidade não possa se revelar.
Por "pensarem o que Deus pensa", ambos (de forma, de sentimento e de condições bem diferentes) estão muito perto de Deus. Como bem sintetizou Albert Einstein : " A crença de que o universo das coisas existentes é acessível à razão humana e que as regras válidas neste universo são racionais pertence ao domínio da religião. Eu não consigo sequer imaginar um cientista autêntico que não compartilha dessa fé profunda".
O que esse homem genial queria dizer é que dentro de uma realidade objetiva, observável e defensável à luz da razão, existe uma outra realidade tão subjetiva e criadora quanto a que o cientista acabou de conhecer. Ele aceita essa subjetividade como um fato dado a priori com a mesma certeza que aceita a objetividade das provas científicas oriundas da subjetividade do que era desconhecido. Assim, a ciência, é conhecimento daquilo que foi dado e de algo que já "estava lá". E o cientista "religiosamente" submete o seu pensamento àquilo que lhe foi dado a conhecer.
E, ainda,mais, um cientista de verdade reconhece, humildemente que, as verdades que ele descobriu, não criaram o universo mas, pelo contrário, "o que está lá" é o que estimula sua curiosidade e direciona sua mente para o conhecimento intuitivo, "inspirado" para, depois, formal e científico.
O que está certo para eles (religiosos e cientistas) é que, desde uma nota musical ao micro-quântico, um conhecimento da realidade já "estava lá" pronto e acabado, a sua espera, querendo ser conhecido e interpretado à luz da compreensão humana. A humildade dessa gente, que é também sua grandeza, reside no fato de que são apenas instrumentos para interpretar e dar a conhecer ao homem comum o que ele nunca poderia criar e que o ignorante jamais poderia saber sem a sua concorrência.
Dessarte, um cientista e um religioso, são um "pouco profetas" por trazerem para mais perto daquilo que é profano e de senso comum o que jamais poderia ser conhecido, senão pela mediação desses saberes.
Por causa dessa alta e sublime missão, religiosos e cientistas, submetem as sua mentes às evidências apresentadas pela revelação de um lado, e pelo universo de um outro; julgam a veracidade de suas "teorias" de acordo com a capacidade, competências e limitações próprias para explicar as evidências do que existe. Ambos, por pressupostos diferentes, estão pensando o pensamento de Deus, trazendo-o à tona e à luz da história.
Cícero Brasil Ferraz
Cícero Brasil Ferraz
Cícero Brasil Ferraz
Nenhum comentário:
Postar um comentário