Em época de efervescência política, tal como vivemos nos dias atuais, faz-se mister voltar a nossa avaliação e ajuizamento para além dos diversos partidos que vicejam por aqui; para além dos "ismos" (socialismo, comunismo, democracismo e outros que tais), assim, voltar os olhos para a realidade basilar do homem como "ser político" como bem disse Aristóteles e, também, gregariamente, para o "habitante de uma polis" (cidade). Então, não só por questões etimológicas mas também práticas, a política e a cidadania militam inseparavelmente do mesmo lado e pelas mesmas razões. Quero dizer, portanto, toda a política dever ser, por ser da "polis", política cidadã. E, também, aquém de qualquer partido ou "ismo" há que ser analisado as matrizes sobre as quais descansa a razão última de se "fazer política".
Não consigo ver política - talvez por ser míope demais para essa tarefa- como uma decisão que devemos tomar por estarmos filiados a um partido e nem em cima de um nome, por mais caudilhesco e populista que possa ser esse nome. Destarte, vejo-a como dois movimentos distintos e anfóteros, até. Refiro-me àquilo que denomino "política de movimento" por um lado e, por outro, "política de campanha". Aquela (política de movimento) olha para o investimento e o crescimento a longo prazo, acima de qualquer "ismo"; é muito mais de caráter "espiralado", crescente e idealista. Por ser um ideal a ser alcançado quer criar consciência cidadã e não cativar eleitores. Já esta (a política de campanha), no entanto, é de ocasião; usa utilitariamente qualquer "ismo", não por acreditar nos seus pressupostos ideológicos (pelo menos, em terras tupiniquins é assim) e, sim, para utilizar a validade sazonal de seu conteúdo e de sua protuberância social que vigora num determinado tempo.
A "política de movimento", dada a sua natureza, não aceita conchavo, detesta a injustiça e repudia a pilhagem. Seus correligionários estão acima de um "outro" individualizado; pelo contrário, sua pregação assume a responsabilidade de que se pratique a justiça, ou seja, que se conceda o direito de um "outro qualquer" exigir, cobrar, contribuir e agregar projetos para o bem-comum; propõe uma justiça cidadã - aquela que concede ao outro o mesmo grau de liberdade real e positiva que seus próprios propugnadores desfrutam. E assim, por estar acima dos próprios partidos, por não se caracterizar por siglas, hinos, logotipos, nomes e interesses particulares esta política é um movimento dinâmico, integrador, agregador e não uma ilha chauvinista.
Considera a isonomia de tratamento a condição sine qua non para sua subsistência. Sem essa isonomia o seu movimento perde o vigor, tal qual um rio que, por perder suas curvas, perde também sua força e dinâmica. O seu movimento não só mantém no top de seu schedule a justiça social, o caráter ético da relação com a coisa pública ( res-pública) mas, também, apoia e promove a liberdade da controvérsia como promotora de um equilíbrio saudável nas discussões corriqueiras da sociedade nos seus múltiplos estratos e estamentos.
Considera a isonomia de tratamento a condição sine qua non para sua subsistência. Sem essa isonomia o seu movimento perde o vigor, tal qual um rio que, por perder suas curvas, perde também sua força e dinâmica. O seu movimento não só mantém no top de seu schedule a justiça social, o caráter ético da relação com a coisa pública ( res-pública) mas, também, apoia e promove a liberdade da controvérsia como promotora de um equilíbrio saudável nas discussões corriqueiras da sociedade nos seus múltiplos estratos e estamentos.
A "política de movimento" exige de seus vaticinadores a capacidade de buscar objetivos específicos no meio de circunstâncias voláteis. Na verdade usa o caráter fissíparo da história para empurrá-la rumo à marcha dos acontecimentos pela qual buscará a maturidade das relações políticas, berço de onde emergirá, como anteviram - cada um dentro de seu pressuposto- pensadores como Paulo de Tarso ("nova criatura em Cristo), Mao ("novo homem socialista") e Paul Tillich ( "new being ), ou seja, estágio maduro da humanidade, aquele que colocará de lado a atual infantilidade em que vivemos. Esse novo homem presume que as coisas devem ser totalmente mudadas para que possa nascer um novo tipo de beleza de onde fluirão as justas duradouras fruições dos prazeres distribuídos das riquezas oriundas das "polis". Assim ela dará legitimidade aos seus objetivos e, ao mesmo tempo, será capaz de conferir sentido a qualquer "ismo" que por acaso venha a assumir os rumos político-sociais da cidade.
Cícero Brasil Ferraz
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