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3.7.13

HOMO TOTAL

Fiquei perplexo -sem saber que tipo de sentimento deixaria aflorar- ao ser surpreendido com a notícia (BBC Brasil) de que alguns gays dos mais radicais e renomados (Jonathan Stroff, Legba Carrefour e outros) eram contra o "casamento gay".
É claro que as razões que me levaram a concordar com eles não eram as mesmas; mas mesmo assim, tivemos um ponto em comum: É, no mínima uma bizarrice, uma caricatura incoerente, um simulacro distorcido e uma vesguice histórica. Não quero aqui neste espaço - não é o momento e nem o lugar apropriados- tratar das incompatibilidades filosófica, antropológica, anatômica, fisiológica, psicológica e teológica da união "homo". O que me espantou foi o fato dos próprios homossexuais ( os mais pensantes, pelo menos) serem contra o casamento gay dentro do modelo tradicional no qual os "homos" querem se "encaixar". (Não vai aqui nenhum trocadilho).
Já disse em várias oportunidades aqui nesse blog que inovar e quebrar paradigmas fundamentaram a  história de conquista e de sucesso do homo sapiens. Se alguém ou alguma ideia quer ser relevante na história deve obedecer a quebra de paradigma e, ainda, criar um outro, totalmente outro -incomparavelmente outro sob pena de, se não assim proceder, fazer apenas "remendo novo em pano velho", como ensinou o Mestre Galileu.
Mutatis mutandis, se o movimento "homo" quer renovar  ("causar"?) e quebrar paradigmas deve abandonar o modelo patriarcal e machista de união esponsal, inclusive o uso indevido do vocábulo "casamento", pois o seu back ground é totalmente "hetero". Casamento é  a atitude tradicional de um homem que pede a um outro homem a "mão" de sua filha e a conduz para o altar diante de Deus, do ministro e das testemunhas para, depois, então, conduzi-la para a sua casa (pelo menos é assim dentro da nossa cultura ocidental).
Então, se o movimento "homo" quer criar algo paradigmático não deve, por isso, copiar princípios arquetípicos, dogmas religiosos de modelos patriarcais. Há que se inventar um novo jamais visto de comunhão erotoafetiva, muito além de uma certidão do registro civil ou de um CNPJ garantidores do cumprimento das assinaturas. Não creio ser justo usufruir daquilo que se quer abandonar; nem mesmo "adotar" filhos que proveem de união "hetero". Nesses casos, deve-se buscar outro paradigma que ainda não conhecemos. Como bem disse um famoso homossexual: "Estive em alguns casamentos gays adoráveis, mas imitar o casamento heterossexual tradicional é estranho e não entendo porque alguém faz isso...' Eu também, não.
Pergunto: Por que algumas lésbicas feministas (nem todas são), ao se unirem tomam modelos machistas (gestos, muxoxos, vestuários, estereótipos gerais) e patriarcais para selarem essa união? Se são ousadas para tomarem posturas radicais, sejam também por criarem outros modelos radicais de união. Se não, tornar-se-ão como leões que imitam leões, até se tornarem em macacos.





Cícero Brasil Ferraz

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