Com origem na revolucionária "teoria da relatividade" de Einstein, o pensamento pós-moderno criou um novo jeito de argumentar (seria um sofisma?), um novo modo de não se definir ante uma situação ou um fato. É recorrente ouvirmos, naquilo que se tornou, em qualquer discussão ou embate, a afirmação do momento - com certo ar de sabedoria e matizes de conhecimento último -: "Cada um tem a sua verdade". O silogismo -às avessas, é claro- é inevitável: Se cada um tem a sua verdade, ergo, não há verdade nenhuma. A verdade, enquanto categoria ideal absoluta, não aceita plural. Não há verdadeS e, sim, verdadE. Há, é claro, muitas sabedorias, mas só uma verdade.
A verdade pós-moderna não tem função de endosso, mas só a de situar o indivíduo, enquanto ser pensante num dado momento. Não serve com "avant première" de um debate; não passa de um ponto de vista a priori. A mesma verdade que é defendida hoje pode ser atacada e anulada pelo mesmo debatente no mesmo confronto. A defesa é a seguinte: "estou afirmando isso HOJE, amanhã a verdade poderá ser outra".
Infelizmente, por não se aceitar a verdade como conceito universal, há um espécie de "respeito" - e é politicamente correto fazê-lo - por aquilo que a outra pessoa pensa. Esse homem pós-moderno encara a presença de outros sentidos/interpretações como uma afronta, um desrespeito, um desafio e até uma ameaça ao próprio sentido das ideias e das coisas. Parece-nos que "a verdade de se por mãos à obra" (Heidegger), verdade desvendada do ente ( dasein ou seinda?) se torna uma escaramuça para o que é verdadeiro ("sein"), mas ou menos o que disse Jesus: " ... se a luz que há em vós se tornar trevas, quão grandes trevas serão". Explico: Se uma verdade a posteriori esconde a verdade absoluta, que grande mentira será! Até mesmo a palavra pela qual se conceitua as coisas e as ideias, conforme o pensamento pós-moderno sofre dessa metamorfose. O ato de dizer projetivamente é o ato de dizer que, ao preparar o dizível, traz simultaneamente o indizível como tal ao mundo. Se não for assim o centro conceitual nunca será possível, dado o caráter transitório da palavra, do locutor, do interlocutor e do receptor; aliás, que são palavras senão uma invenção para ideias e coisas?
Esse ocultamento dissimulador é a fonte de toda "náusea" (Sartre) e desconforto(Freud) desse peregrino " homem over-time". A gênese das aflições, angústia , vazio e sofrimento desse homem está na escassez do sentido das coisas, na eminência dos limites, na incongruência das sequências, na volubilidade da lógica que desaguam nas fragilidade dos relacionamentos como formas originalmente integradoras com pessoas e coisas; daí tudo em que toca, tudo que vê e ouve se lhe afigura como um simulacro de relacionamentos espectral e não essencial porque a verdade não é, segundo creem, um ato/pensante e, sim, uma permissão a um tempo do pensamento.
A consequência, é a fuga da verdade, é o não querer saber o que se sabe, o que se constitui em covardia existencial, que é a pior das covardias. Por outro lado é não conhecer o conhecer que ainda não se conhece, é o que é o maior repto que a existência lança ao homem; empreita que somente aqueles que tem "coragem de ser" demandam.
Creio que, para a cura desse mal, seja necessário a esse homem um retorno ao estágio dos filósofos pré-socráticos que observavam a realidade e as coisas por elas mesmas, na simplicidade delas mesmas, sem nelas interferir ou ocultá-las, por não entendê-las exaustivamente. Creio haver a necessidade de uma supressão da desconfiança; a volta à uma credulidade infantil e primitiva para que, aquilo que o cartesianismo lhe escondeu, possa ser reencontrado em "outras inteligências" escondidas em sua Imago Dei.
Esse ocultamento dissimulador é a fonte de toda "náusea" (Sartre) e desconforto(Freud) desse peregrino " homem over-time". A gênese das aflições, angústia , vazio e sofrimento desse homem está na escassez do sentido das coisas, na eminência dos limites, na incongruência das sequências, na volubilidade da lógica que desaguam nas fragilidade dos relacionamentos como formas originalmente integradoras com pessoas e coisas; daí tudo em que toca, tudo que vê e ouve se lhe afigura como um simulacro de relacionamentos espectral e não essencial porque a verdade não é, segundo creem, um ato/pensante e, sim, uma permissão a um tempo do pensamento.
A consequência, é a fuga da verdade, é o não querer saber o que se sabe, o que se constitui em covardia existencial, que é a pior das covardias. Por outro lado é não conhecer o conhecer que ainda não se conhece, é o que é o maior repto que a existência lança ao homem; empreita que somente aqueles que tem "coragem de ser" demandam.
Creio que, para a cura desse mal, seja necessário a esse homem um retorno ao estágio dos filósofos pré-socráticos que observavam a realidade e as coisas por elas mesmas, na simplicidade delas mesmas, sem nelas interferir ou ocultá-las, por não entendê-las exaustivamente. Creio haver a necessidade de uma supressão da desconfiança; a volta à uma credulidade infantil e primitiva para que, aquilo que o cartesianismo lhe escondeu, possa ser reencontrado em "outras inteligências" escondidas em sua Imago Dei.
Cícero Brasil Ferraz
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