É óbvio que estou, com o aforísmo acima, usando de um recurso conotativo de linguagem para levantar questões como decisão, escolha, liberdade ou relacionamentos e outras variáveis quaisquer aplicáveis ao sensível e carente mundo dos homens, tão fartos de conhecimento e tão carentes de sabedoria.
Dada a amplitude e a ubiquidade dos temas, deixo as aplicações pessoais e pontuais às expensas do meu paciente leitor; que ele faça as suas próprias transposições que a mim nem sempre são possíveis devido a minha falta de espaço ou mesmo de perícia.
Nadar no mar, no rio ou no igarapé - faço isso desde a minha idade meninil - sempre me trouxe uma sensação de conquista, liberdade, leveza e até, num certo sentido, de purificação. Hoje, já adulto, aprendi com aquele "exercício expiatório" a submergir e emergir aos revezes da senectude sem perder, contudo, a experiência de reafirmar intacta, ante ao desgaste do sistema motor e intelectual, o peso subtraído pela leveza de se nadar em águas "leves". Aquela experiência juvenil traz-me a nítida revivescência que tenho controle completo sobre a "lei da gravidade" que exige que "vá para baixo" enquanto o meu corpo - por empuxo- ganha as alturas, dando-me a certeza de liberdade e de domínio. A qualquer momento posso, se desejar, sair da água, secar-me não receando, nem por um pouco, o compromisso dogmático e legalista de averiguação de que se estou "puro" ou não; ou mesmo que se alguém vai me notar ou não. Destarte, sou o que penso que posso ser.
Nadar no lodo, na lama, na resina ou em algo viscoso é, não somente repugnante, mas também estagnador, represador e limitador. Ninguém sai indene de um "banho desses". Nessa "imundificação" sempre se sai comprometido com o pegajoso, com a nódoa ou jaça. Quando alguém tenta se desfazer do viscoso, teimosamente ele permanece e, até "chupa" o nadador para um fundo ainda mais paralisante. Assim ele não é mais dono de si mesmo em toda a sua plenitude, tem o controle de suas ações só até ao ponto de subsistir. " O visgo é como um líquido visto num pesadelo, em que todas as suas propriedades são animadas por uma espécie de vida que volta-se contra mim" (Le Visqueux, J.P.Sartre).
Na orientação viscosa da vida o swimmer sente um estranho não-querido agarrado ao seu corpo tapando os seus poros. Quando invade esse líquido sente-se, por outro lado, imediatamente manietado por ele. Já não está sobre o seu controle e, sim, sob o controle daquilo que o repugna e o enoja. Já não é senhor de suas ações e não pode mais comandar as asas de sua liberdade - e alçar voo. Perdeu a volição ou, então, se encontra sob total ameaça de uma implosão relacional.
Já, em líquido leve, traça objetivos e tem total possibilidade de alcançá-los. Na resina, lama ou visgo não consegue se mover livremente como um autêntico sapiens. Tudo que poderá fazer é se mover o mínimo para não ser engolfado completamente pelo movediço.
Só há um caminho para se livrar do viscoso: É jogar-se de corpo e alma às ondas do mar, à pureza dos rios e à serenidade dos igarapés.
É claro que em uma escolha entre o lodo e o mar, há de se levar em conta, sempre, o potencial genético e o meio ambiente vivenciado pelo optante. Mas escolher o diferente em detrimento do outro será sempre o grande desafio de toda a sua existência. Ou nadar livremente rumo às curvas do desconhecido, do vivo e do excitante ou, então, paralisar no pegajoso, limboso mundo da semi-paralisia será a decisão de cada um - todos, de alguma forma e em algum lugar, estamos a nadar.
Nadar no lodo, na lama, na resina ou em algo viscoso é, não somente repugnante, mas também estagnador, represador e limitador. Ninguém sai indene de um "banho desses". Nessa "imundificação" sempre se sai comprometido com o pegajoso, com a nódoa ou jaça. Quando alguém tenta se desfazer do viscoso, teimosamente ele permanece e, até "chupa" o nadador para um fundo ainda mais paralisante. Assim ele não é mais dono de si mesmo em toda a sua plenitude, tem o controle de suas ações só até ao ponto de subsistir. " O visgo é como um líquido visto num pesadelo, em que todas as suas propriedades são animadas por uma espécie de vida que volta-se contra mim" (Le Visqueux, J.P.Sartre).
Na orientação viscosa da vida o swimmer sente um estranho não-querido agarrado ao seu corpo tapando os seus poros. Quando invade esse líquido sente-se, por outro lado, imediatamente manietado por ele. Já não está sobre o seu controle e, sim, sob o controle daquilo que o repugna e o enoja. Já não é senhor de suas ações e não pode mais comandar as asas de sua liberdade - e alçar voo. Perdeu a volição ou, então, se encontra sob total ameaça de uma implosão relacional.
Já, em líquido leve, traça objetivos e tem total possibilidade de alcançá-los. Na resina, lama ou visgo não consegue se mover livremente como um autêntico sapiens. Tudo que poderá fazer é se mover o mínimo para não ser engolfado completamente pelo movediço.
Só há um caminho para se livrar do viscoso: É jogar-se de corpo e alma às ondas do mar, à pureza dos rios e à serenidade dos igarapés.
É claro que em uma escolha entre o lodo e o mar, há de se levar em conta, sempre, o potencial genético e o meio ambiente vivenciado pelo optante. Mas escolher o diferente em detrimento do outro será sempre o grande desafio de toda a sua existência. Ou nadar livremente rumo às curvas do desconhecido, do vivo e do excitante ou, então, paralisar no pegajoso, limboso mundo da semi-paralisia será a decisão de cada um - todos, de alguma forma e em algum lugar, estamos a nadar.
Cícero Brasil Ferraz