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15.4.14

PLIM! PLIM! - # ALIENAÇÃO

Depois de maciça repercussão de um texto meu (PLIM!  PLIM! - ISSO É TUDO) publicado neste blog,  alguns leitores me convenceram a voltar ao assunto.
De cara, já estou a dizer, que não sou contra (em princípio) a nenhuma mídia. Por outro lado, também, não sou contra a nenhuma crítica a nenhuma mídia, inclusive a televisiva. Creio que elas exercem (as televisivas) excelente influência pedagógica quando tem por fito a informação e a formação de seus telespectadores mas, que, prestam um desserviço incalculável ao cidadão comum quando o seu desideratum é alienação, a massificação e até a idiotização daqueles que, pela a inépcia do nosso  (brasileiro) "welfare state", poucas chances tem de um distanciamento crítico ou no mínima, de levantar alguma suspeita, quando se veem à frente da única "diversão" que possuem. Esse tipo de entretenimento está a serviço de qualquer outro interesse menos ao daquele que busca mostrar a "real realidade social" (desculpem-me pela redundância) como na verdade ela é.
Na nossa Republiqueta Tupiniquim, a alienação está presente em todos os setores, em todos os segmentos e em todas as camadas sociais. Os programas de TV, v.g., são quase sempre, cópias caricatas dos "broadcasts xenobrasilis"  mas que, de alguma forma, empurrados goela abaixo, nos jogam para a, cada vez mais longe, realidade de quem somos, como estamos e o quê queremos ser. Isso me enoja: Usar e manipular a ignorância pelo simples prazer de possuir a alma humana e, assim, se sentir mais igual dos que os seus pares. É mesmo ridículo usar "idiot. savants" para esse fim. É simplesmente narcotizar esperanças e anestesiar um possível tempo de prosperidade social que, no nosso caso, sempre está tão perto, mas que nunca se historifica dada  a legalização das chicanas, do compadrio e dos "esquemas" entre os dominadores da mídia parda e camuflada, mancomunados com aqueles (os do estableshment) seus concessionários.
Não nego que o melhor que há em nosso mundo midiático seja a TV Globo. Nesse caso, o que há de melhor é, também, o que há de pior  para a  pobre e despreparada população. Aproveitando que a maioria de nós não tem acesso a outras informações literárias, a Globo engenhosamente cria aquilo que chamo de "homogeneização da crítica", ou seja, "obriga" a todos os despreparados, que se constituem na grande maioria de nós, a imaginar, que o mundo é "só assim"; é mesmo assim; e só é assim, ipso facto, porque acontece nas vivências fantasiosas da telinha, sobretudo nas alienantes "soap operas".
Como acreditar - se não só pela via da alienação espúria desse modelo midiática- que, um comportamento social estranho a nossa cultura, uma cabelo naturalmente liso, um vestido glamuroso de tecido importado, um apartamento ou uma casa de milhões de reais fazem parte da  realidade de brasileiros comuns? Essa alienação cria uma fantasia de que todos nós fazemos parte dessa (i)realidade, inocula uma projeção esdrúxula e emperra a realidade brasileira a chegar no que poderíamos de "vida minimamente confortável".
Não é verdade que a Globo, com isso, está simplesmente exibindo um fenômeno social maioritário. Não é verdade que todas as famílias brasileiras acham prosaico  trejeitos de comportamentos homossexuais (não estou entrando no mérito comportamental "homo"), e que devam ser ovacionados como "ídolos"; não é verdade que a família média brasileira acolha com naturalidade um filho viciado em drogas, dizendo: "...isso acontece..."...; não é verdade que homens e mulheres desta nação achem "fenomenal", cônjuges se traindo sem que isso não traga tremendos distúrbios a eles e aos filhos de "pais separados". Há gente -digo, sem medo de errar-, uma grande maioria, que ainda se indigna com o que há de mais "xeno" e disfórmico dentro dessa coercitiva  trajetória cultural.
Eu não sei (sei, sim!) a quem interessa ossificar na mente do brasileiro comum e, quase sempre, despreparado, esse modelo social de que isso é toda realidade social brasileira com o qual as nossas famílias devam se acostumar.
   A superficialidade das informações unilaterais e tendenciosas, os shows massificantes tipo "pão e circo", os padrões estéticos esdrúxulos ( digo, fúteis) que lançam tendência primeiromundista para uma população que nem água e esgoto pode usufruir, IMPOEM uma busca frenética, fóbica e desproporcional a nossa pobre e já suficientemente explorada população brasileira. O escravo moderno brasileiro não sofre mais sob o látego de senhores e feitores mas, sim, da alienação ideológica midiática.
Por outro lado, seria bom que os criativos diretores, roteiristas, fotógrafos e os "experts" da teledramaturgia global produzissem um uma "novela da vida real" a partir de  nossos guetos, favelas onde campeiam a desgraça, a fome, o tráfico (endereçados aos riquinhos que podem usar o que "há de melhor"). Ou, então, produzisse um "caso verdade" de crianças barrigudas, lunbriguentas e esquecidas nas periferias das nossas cidades, que lá vivem como lixo humano. Ou, ainda, quem sabe, o abandono e solidão vividos por homossexuais que já chegaram à velhice e não "atraem" mais os parceiros; ou, ainda, a crise que vivem os cônjuges do "segundo casamento".
Isso, também, não é toda a realidade brasileira, concordo, mas é o que há de mais comezinho entre nós ou é, no mínimo, o lado "esquecido" pelo PLIM! PLIM!.

P.S. Não levanto estes dados acima baseado em teorias ou em qualquer outro sentimento. Como psicanalista atendo centenas de situações similares e, ainda, como tal, sou um crítico mordaz de qualquer matiz de alienação seja ele político, religioso, social ou intelectual.  


Cícero Brasil Ferraz